domingo, janeiro 22, 2006

A Chaves do Sucesso

No post anterior fiz algumas considerações pouco abonatórias sobre os filmes portugueses que poderão, eventualmente, ser vistas como críticas injustas. Também podem ser vistas como juras de amor, mas só mesmo depois do terceiro copo de vodka.
É, pois, justo que alguns leitores aficcionados da produção nacional questionem quais as minhas qualificações para tecer críticas cinematográficas.
Confesso que, realmente, os meus conhecimentos em domínios como a sonoplastia, a fotografia ou a estrutura narrativa, são tão parcos que me impedem de fazer uma análise profunda do cinema.
Como nos filmes portugueses não corro o risco de deparar com quaisquer destes aspectos, estou à vontade para achincalhar.
Analisemos, portanto, aquele que é já o filme português mais visto de sempre: “O Crime do Padre Amaro”.
Dir-se-ia que os cerca de 364 mil espectadores atestariam à qualidade da película em questão. Infelizmente, receio que o sucesso comercial não se deva às qualidades intrínsecas do filme.
Sim, já devem ter adivinhado, a minha opinião é que os méritos residem todos no facto de o filme estar baseado na obra homónima de Eça de Queirós, garantindo dessa forma, a presença da horda de queirosianos nas salas de cinema. Uma jogada suja que denuncia o oportunismo e comportamento imoral dos produtores.
Felizmente, o realizador Carlos Coelho da Silva, conseguiu manter alguma da sua integridade artística ao ter convencido a SIC a incluir cenas de sexo explícito com o corpo desnudado de Soraia Chaves. Um gesto que convenhamos é no mínimo arriscado, considerando o contexto profundamente intelectual do país.

É por esta altura que o leitor está a pensar: “Mas que magnífico exemplo da utilização de Sarcasmo num contexto humorístico, sim senhora!”. Ao que eu agradeço a amabilidade.
Relativamente ao filme em questão, a verdade é que o considero paradigmático da exploração da mulher para fins lucrativos, sob o pretexto hipócrita de que se trata de arte.
Não pensem, contudo, que sou adverso à exploração das mulheres. Antes pelo contrário sou até um convicto adepto da exploração de cada um dos centímetros da Soraia Chaves.


PS: Como é óbvio, na parte final do post recorri à figura da Soraia Chaves apenas para garantir o grau de comicidade adequado. Na realidade, apesar de não a achar feia de todo, estou longe de ser um desses rebarbados fascinados com a modelo. Não, eu nem sequer cheguei a comprar a edição da revista GQ em que ela pousava algo desprovida de roupa.
Nem mesmo para consultar o artigo sobre a presença das selecções africanas no Mundial 2006 na página 50, mesmo ao lado do anúncio do Lisboa-Dakar.