A lâmpada fundida do Iluminismo Francês
Cada vez mais verifico que sou o único gajo atento à actualidade. E se para alguns isso até poderia ser visto como algo positivo, pessoalmente considero que está na altura de arranjar um dealer melhor.
Refiro-me, claro, à visita a Portugal de Nicolas Sarkozy, o ministro do Interior francês. Então não é que, num encontro com António Costa, este colocou à disposição de Portugal a experiência francesa com bairros problemáticos, esclarecendo ainda que os motins registados no seu país não são um fenómeno nacional, mas sim um problema europeu.
Aliás, deve ser por essa razão, que a ajuda inclui a oferta de um exemplar do livro da sua autoria: “Cem maneiras de dizer Escumalha nas diversas línguas europeias”.
Se até aqui nada de insólito, pelo menos na perspectiva de políticos sujeitos a uma lobotomia com espigões enferrujados, o interessante é que neste encontro também se discutiu a elaboração dum acordo para a cooperação no combate a incêndios.
À luz da lógica anterior, deve ser para o combate aos incêndios nas viaturas vítimas do “know-how” francês.
Não será que se poderia fazer uma analogia entre esta situação e a de um médico que após receitar obstipantes, recomenda entusiasticamente a toma de laxantes? Claro que sim, mas isso seria de mau gosto.
Apesar disso, nem tudo nesta visita foi de uma nulidade de fazer inveja a Nietzsche. Sarkozy ainda aproveitou a ocasião de um encontro com Cavaco Silva para elogiar o “notável resultado” eleitoral por ele obtido. Se é verdade que não se tratou propriamente de um glorioso 50,7%, mesmo assim não deixou de ser deveras impressionante.
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