Vidas Viciadas
Por vezes ao consultarmos as páginas de um qualquer jornal deparamos com uma notícia que abala o nosso mundo. As mais óbvias são, claro, notícias como “Sismo de grau 7,7 atinge Kobe” ou “José Cid lança novo álbum”, mas neste caso específico tratou-se da notícia de que a chimpanzé Ai Ai deixou de fumar após 16 anos de vício. Para quem não sabe, Ai Ai é uma chimpanzé fêmea que vive num parque em Shaanxi, no Norte da China (que fica assim como quem vai para Xang Kiao e vira para trás porque se esqueceu da filha mais nova na bomba de gasolina) e que começou a fumar por desgosto em 1989, como resultado da morte do seu companheiro. Uma situação que se veio a agravar mais tarde com o falecimento de um segundo companheiro e separação forçada da sua filha.
A agência de notícias responsável por este relato, a Xinhua, não chega a esclarecer a proveniência dos cigarros, mas a redacção do Fumos desconfia que eles provinham dum maço de tabaco. Ou talvez não.
Esta agência de notícias adiantou ainda que o abandono do vício por parte da Ai Ai se ficou a dever aos esforços dos seus tratadores. Esforços esses que envolveram passeatas matinais, sessões musicais após o almoço e actividades físicas no ginásio a seguir ao jantar.
- “Mas porque é que esta notícia abalou o teu mundo, PN?” – perguntará o estimado(a) leitor(a).
E diga-se de passagem, pergunta muito bem.
- “Terá sido a tristeza e profundo pesar inspirado por este drama familiar?”
Nem por isso. A verdade é que ainda recordo a morte da mãe do Bambi com algum regozijo.
- “Terá sido a consternação ao descobrir que um nobre animal adoptou um comportamento humano desprezível?”
Naaa, nada disso. Até achava alguma piada se existisse um cavalo viciado em apostas nas provas de atletismo.
- “Então o que foi?”
Pronto, eu digo, eu digo. Foi a constatação de que para abandonar o vício do tabaco poderei ter que recorrer ao exercício físico. Essa é uma perspectiva assustadora porque coloca em causa o estilo de vida sedentária a que me dediquei para conseguir evitar o sobreaquecimento corporal e a perspiração, combatendo desse modo o aquecimento global e poluição do meio ambiente.
Já para não falar da luta pessoal contra o desgaste ósseo.
PN
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