segunda-feira, outubro 17, 2005

Eufemismos bombásticos

Como é sabido hoje comemora-se o Dia Mundial da Erradicação da Pobreza, uma data que o “Fumos” não podia deixar de assinalar, aproveitando para destacar esta iniciativa louvável e os seus mais diversos ecos pela blogoesfera, e declarar-me ao serviço da causa.
Mas continuemos
Volvidos que estão cinco anos da assinatura da Declaração do Milénio, na qual ficou estabelecida, entre outras, a meta de reduzir para metade a pobreza extrema no planeta até 2015, a situação parece não ter evoluído de modo significativo.
As razões do estado da coisa são de origem diversa, mas gostava de realçar apenas duas delas.
A primeira reporta-se à ajuda pública aos países mais pobres.
De acordo com os cálculos o aumento da ajuda pública necessário para atingir os objectivos da Declaração do Milénio ronda os 50 mil milhões por ano. Trata-se duma quantia elevada é verdade, mas se consideramos que só representa 5 por cento do que é gasto em armas, a coisa até se relativiza, o que no fundo é um eufemismo para “esses gajos todos deviam era ir levar no certo e determinado sítio”.
E não é que com esta afirmação anterior eu queira responsabilizar a indústria do armamento pela pobreza existente no mundo actual, nada disso. Diga-se em abono da verdade essa indústria até tem contribuído de forma explosiva para a erradicação da pobreza, ou pelo menos dos pobres.

A segunda razão está relacionada com o perdão das dívidas externas dos países mais pobres. Durante uns tempos tudo parecia mover-se nesse sentido, mas depois dos Estados Unidos da América se mostrarem recalcitrantes na implementação dessa medida perdeu-se o ímpeto inicial, o que no fundo é um eufemismo para “mais uma vez esses grandessíssimos chupistas filhos da $#%*”.
E não é que com a afirmação anterior eu esteja a insinuar que os americanos são o grande motor da exploração dos países pobres, nada disso. Diga-se em abono da verdade eles até querem acabar com a pobreza nos países subdesenvolvidos, ou pelo menos com os países subdesenvolvidos.

A verdade é que se esperava mais apoio à luta contra a pobreza por parte de um país onde até o líder padece dessa maleita. Sim, porque apesar de ser pobreza de espírito, não deixa contudo de ser pobreza, o que no fundo é um eufemismo para “o tipo é mesmo um bronco de m##$a”.
E não é que com esta afirmação eu esteja a chamar estúpido a George Bush, apenas estou a dizer, e fechando os raciocínios anteriores, que é pena haverem bombas mais inteligentes do que ele.

PN