Bloguista Anónimo #2
Crónicas de um serial-blogger (continuação)
Foi já no Liceu que entrei em contacto com um mundo sórdido e corrupto.
O mundo das listas para a Associação Académica.
Quis o destino que esse malfadado encontro ocorresse durante um ataque hormonal de 6.5 na escala de Richter, o que levou a um enlistamento imediato. A perspectiva de conquistas amorosas fruto de uma posição de poder, aliada a um maior alcance dos meus pensamentos, levaram a que fosse facilmente seduzido.
Os meus parceiros de lista, após subornos e ameaças, rapidamente se aperceberam das vantagens de me tornar o responsável pela Comunicação e Estratégia Publicitária da campanha.
Instigado pelo ânsia de poder (e pela Jeninha da turma C nas traseiras do ginásio) iniciei a mítica campanha “Melhor que a lista A, não há”. De entre as nossas diversas promessas, destacavam-se a distribuição gratuita de preservativos e mortalhas, sandes de banana na cantina e uniformes de ginástica mais justos para a equipa feminina de voleibol.
No entanto, aquilo que aparentava tratar-se um começo brilhante no carreirismo político, revelou ser um prenúncio das desgraças que seguiriam. Cego pela sede de poder e pela atenção dos media, cometi o erro fatal de levar o esforço de campanha eleitoral um passo além do precipício.
Convencido da necessidade de uma exposição mediática nacional, fui para a Assembleia da República munido apenas do cartaz da nossa lista e de uma gabardine bege.
Durante a sessão do Parlamento, aproveitei um momento morto entre insultos e piadas e saltei do balcão, desenvencilhei-me da gabardine e iniciei uma corrida naturalista empunhando o cartaz.
Ainda consegui dar duas voltas ao hemiciclo até ser travado pelo jovem Paulo Portas, que por sua vez e graças a Deus, foi travado pelos seguranças.
Durante os próximos seis meses de encarceramento fui sujeito a torturas inimagináveis, desde choques eléctricos até à exibição de episódios do Big Show Sic. Daí que até hoje não consiga operar electrodomésticos nem assistir a nenhuma modalidade olímpica que envolva qualquer tipo de salto.
Mas a verdade é que paguei a minha dívida para com a sociedade e fui liberto.
Julgando-me curado, passei os anos seguintes alheio ao facto que o pior estaria para vir. As experiências na blogoesfera!!
(continua)
Não perca o dramático episódio final num blog perto de si!!
PN
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