sexta-feira, maio 06, 2005

O que vale é que a estupidez não é contagiosa

Desmontar argumentos não é um hábito que cultive por aí além, até porque sobejam sempre algumas peças por ocasião da remontagem, mas nesta ocasião torna-se imperativo sacar da chave de fendas.
O argumento em causa foi exposto no jornal (jornal, salvo seja) Capital por Maria José Nogueira Pinto do CDS/PP e contesta a urgência do referendo sobre o aborto. Assim e sem mais demora:

“O referendo ao aborto seria urgentíssimo se as prisões estivessem cheias de mulheres condenadas por esse crime. Mas não. Estão cheias de toxicodependentes com doenças incuráveis e contagiosas”.


Ora vamos lá a isto (arregaçando as mangas e com as calças descaídas até revelarem o rego) .
A conclusão que se pode retirar é que apenas são referendáveis (dentro de um prazo eficaz) os assuntos em que os intervenientes ou os directamente interessados estejam na sua maioria a cumprir penas de prisão. De acordo com Nogueira enquanto não houver mais mulheres a serem denunciadas ou a recorrem aos hospitais devido a abortos clandestinos mal sucedidos, nem sequer vale a pena termos conversas de café sobre o assunto.

No entanto nem tudo são más notícias porque segundo a lógica da Nogueira Pinto, um referendo sobre os dirigentes desportivos e as arbitragens já esteve mais longe.

PN